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OPINIÃO: Feminicídio

Considera-se feminicídio o assassinato de uma mulher pela simples condição de ser mulher. No Brasil, o cenário que mais preocupa é o do feminicídio cometido por parceiro íntimo, pois os dados estatísticos revelam que esse, geralmente, é precedido por outras formas de violência e, portanto, poderia ser evitado.

Dados do Mapa da Violência de 2015 indicam que o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos, ocupando a quinta posição em um ranking de 83 países. Esse documento, considerado uma referência sobre o tema, divulgou que entre 1980 e 2013, 106.093 brasileiras foram vítimas de assassinato. Somente em 2013, foram 4.762 mulheres mortas pelos companheiros e/ou ex-companheiros. Dados atuais continuam apontando crescimento, tendo ocorrido um aumento de 6,5% em relação a 2016. Frequentemente abrimos os jornais e letras garrafais anunciam: "homem mata sua companheira a facadas", "mulher foi morta a tiros pelo ex-companheiro", "matou a namorada com socos e pauladas", "incendiou a amante". Há um nítido padrão nas notícias: homens matam mulheres.

O que estamos fazendo para estancar esse problema? Como educamos nossos filhos e filhas? Como debatemos as questões de violência de gênero? É evidente que a brutalidade contra o feminino é um fenômeno que persiste, principalmente, no contexto das relações desiguais de poder entre feminino e masculino. É urgente repensar a construções dos papéis de gênero em todos os espaços. Sabe-se que a crueldade contra a mulher ocorre em todas as camadas da sociedade. No entanto, apesar de conhecermos histórias de agressões, ouvimos que é complicado discutir questões de gênero, como por exemplo, na escola. Se refletirmos sobre os motivos que levam um homem a violentar uma mulher, podemos lembrar de frases banalizadas em nosso cotidiano, tais como: "menino não chora"; "isso é coisa de mulherzinha"; "fala direito, engrossa essa voz"; "você é homem, tem que ser forte". Além desses e outros ditados, existem as piadinhas sem graça.

É preciso desconstruir esse machismo disfarçado de "brincadeira". Não aceitaremos desculpas esfarrapadas como: "é só quando ele bebe", "é uma boa pessoa, mas às vezes fica alterado, pois é homem". Considero extremamente necessária a discussão desse assunto em todos os lugares. É urgente a necessidade de fortalecermos meninas e mulheres para que aprendam a dizer não quando necessário. Ter em mente que ao menor sinal de violência verbal, psicológica, moral ou física, o melhor a fazer é sair fora!

Desconfiem daqueles que são extremamente galantes e presenteiam com objetos caros e no outro instante já estão gritando, considerando que com os gestos anteriores compraram seu silêncio. Não se cale. Denuncie! Conte para uma amiga, peça socorro pois, além de tudo, ainda podem dizer que a mulher provocou. Não é mimimi! Chega de violência! Basta de feminicídio!

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